Não existe uma parametrização nacional deste tipo de consulta contudo há uma solução muito simples e viável.
As unidades funcionais podem solicitar aos serviços de informática da ULS a criação de um código como: [D. RESPIRAT] e desta forma os horários poderão conter alguns períodos destinados à gestão das doenças respiratórias crónicas como a asma, DPOC, SAOS, bronquite crónica... Esta parametrização permite a criação de consulta conexa pelo que, tal como nos programas de SM; PF; SI; DM/HTA; o enfermeiro de família terá também uma marcação. Desta forma poder-se-á finalmente realizar consultas de doenças respiratórias em equipa nos cuidados de saúde primários.
Poderemos ter duas estratégias que podem ser complementares:
1) ter um número fixo de vagas no horário ao longo de todo o ano
2) usar vagas de outros programas e agendar nesses espaços uma consulta de Doenças Respiratórias. Exemplo: como os sintomas de asma tem sazonalidade pode-se programar consultas extra de asma antes e durante a Primavera em vagas de PF ou DM/HTA. Como há 80% mais exacerbações de DPOC no Inverno do que no Verão, a realização de uma consulta de DPOC no período da vacinação antigripal permite preparar o Inverno. A variação sazonal [Veja a estratégia em 3 passos] da asma e da DPOC sugere que uma abordagem de boa efetividade será programar consultas antes dos períodos de agudização, nomeadamente preparar a Primavera e o Inverno.
O código criado pelo serviço de informática do ACES Baixo Vouga foi [D. RESPIRAT.] e todas as unidades têm a disponibilidade de fazer marcações tal como num outro programas de saúde.
Pode-se marcar apenas na agenda médica ou selecionar consulta conexa, ficando também no agendamento da enfermagem.
Nos utentes com diagnóstico de doenças respiratórias crónicas como asma ou DPOC é útil associar o Programa Nacional de Doenças Respiratórias para iniciar o plano de cuidados.
Outras doenças respiratórias também poderão ficar associadas neste programa (ex. bronquiectasias, enfisema, neoplasia do pulmão...).
Ao associar o programa surgem várias intervenções de diagnóstico sendo as mais relevantes neste contexto:
Avaliar gestão do regime terapêutico
Avaliar adesão à vacinação
Avaliar comportamento de adesão
Avaliar dispneia
Avaliar o expectorar
Monitorizar tabaco
Atenção que poderá ser necessária uma parametrização local (contactar o serviço de informática ou a equipa de enfermagem responsável pela parametrização do SCLINICO) para que fiquem disponíveis algumas destas intervenções dentro do P N Doenças Respiratórias.
Por ex. O "avaliar dispneia" não se encontrava inserido por defeito neste programa, assim terá de se fazer uma nova parametrização.
Ao selecionar Avaliar gestão do regime terapêutico teremos 3 eixos de intervenção:
capacidade para gerir regime medicamentoso
capacidade para gerir regime de exercício
capacidade para gerir regime dietético
Ao seleccionar capacidade para gerir regime medicamentoso surgem intervenções como Ensinar sobre regime medicamentoso e poderemos em notas escrever qual o regime em uso e se está a ser cumprido.
Por ex. alguns doentes têm prescrição de inalador 2x ao dia e apenas fazem 1x dia; doentes que têm indicação para uso diário do inalador e apenas fazem em SOS.
Na intervenção Avaliar dispneia podemos aplicar questionário mMRC aos doentes com DPOC e registar em notas o valor obtido.
É fundamental nas doenças respiratórias crónicas a avaliação do controlo e sintomatologia. O local ideal para registo destes questionários (CARAT na asma, mMRC ou CAT na DPOC) é nesta intervenção.
Nota: Esta informação não migra para o SCLINICO médico.
Não há dúvidas de que a enfermagem é fundamental na gestão das doenças respiratórias. Para tal apresento a minha sistematização das possibilidades de consulta. A solução ideal é a que funciona melhor na sua equipa.
Partilho a minha experiência. Quando integrei a USF João Semana em 2014 fazia as consultas de doenças respiratórias sozinho e num sistema oportunístico. Posteriormente com o interesse da enfermeira Sónia Almeida passamos a fazer algumas consultas em simultâneo para que pudéssemos alinhar o modelo de consulta. A fase seguinte passou a ser um sistema sequencial, quer de consulta exclusiva de doenças respiratórias, quer de outras vigilâncias onde incluímos Asma ou DPOC. A Enf. Sónia Almeida faz também consulta de enfermagem exclusiva a alguns pacientes que segue mais proximamente e a alguns em que verifica por ex. uma necessidade de treino da técnica inalatória . Desta consulta de enfermagem exclusiva pode surgir um agendamento direto para uma consulta médica comigo quando assim for necessário.
Com esta partilha de tarefas conseguimos chegar a mais pacientes e com maior eficiência.
Estes indicadores têm como objetivo avaliar a gestão do regime terapêutico na asma e na DPOC
2023.474.01 - Proporção utentes Asma com registo de GRT - https://sdm.min-saude.pt/bi.aspx?id=474&clusters=S
2023.475.01 - Proporção utentes DPOC com registo de GRT - https://sdm.min-saude.pt/bi.aspx?id=475&clusters=S
Observações Sobre Software
SCLÍNICO - PERFIL DE ENFERMAGEM:
A leitura deste indicador é baseada nos registos da intervenção de enfermagem "Avaliar gestão do regime terapêutico" (código 9004025), onde se encontram especificados dados relativos às componentes:
- Capacidade para gerir regime de exercício.
- Capacidade para gerir regime dietético.
- Capacidade para gerir regime medicamentoso.
A intervenção "Avaliar gestão do regime terapêutico" (código 9004025) está disponível no [SClínico], associada ao foco de atenção "Gestão do Regime Terapêutico".